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Eliane Bodart

 

Relacionamento / 17 de Junho de 2024
O que se pode aprender em 60 anos de casamento?
Em uma conversa franca, Celina e Paulo, 60 anos de bem-casados, nos contam o que deu certo para eles. Ensinamentos preciosos.



O Love Coffe, na semana dos Namorados, teve o prazer e a honra de receber Celina e Paulo, bem-casados há 60 anos!

A expertise é tamanha que foram padrinhos de 16 casamentos e servem de inspiração para vários e vários casais, contemporâneos e jovens, que seguem certas tradições criadas por eles, por entenderem admiráveis.

E eu, muito generosa, fiz um compilado daquilo que eles consideram importante para que o relacionamento deles tenha dado certo. Longe de ser um manual, porque cada ser humano é único e especial e cada relacionamento, por consequência, é único. E nada impede que também seja especial.


1)   Paciência e tolerância.

Relacionamento é difícil. Não existe o mar de rosas que se apregoa nos contos de fadas.

Há necessidade de se conter nos momentos de raiva, de ouvir quando só se quer falar e de aceitar o outro, principalmente quando não concordamos com ele.

É necessário desenvolver a paciência e a tolerância, ainda que não nos sejam inatas, para poder conviver.

E essas virtudes têm que ser exercitadas a todo momento para não serem esquecidas.


2)   A questão financeira.

Administrar as finanças é um peso muito grande para a saúde do relacionamento. Não existe o amor e uma cabana. Deve-se pensar e planejar o futuro, porque a aposentadoria é um dos períodos mais difíceis.

A forma como se gasta o dinheiro pode gerar muitas brigas e discussões e trazer dificuldades.


3)   Conversar.

Outro ponto importante, aliás, é a conversa. Manter o diálogo aberto, ouvir e ser ouvido, entender os argumentos do outro em todas as questões, financeiras, inclusive.


4)   Respeitar as diferenças.

Embora reconheçam que são mais semelhantes do que diferentes, respeitar as diferenças é fundamental. E aqui entram novamente a tolerância e o diálogo. Permitir que o outro se manifeste e aja, ainda que sejam diferentes.

Essa liberdade e aceitação permitem que, com o convívio, haja aprendizados e convergências. No caso dos dois, Paulo ama música clássica e Celina aprendeu a gostar também, passando a ser algo que apreciam juntos.


5)   Manter e respeitar a individualidade e independência de cada um.

Celina sempre fez questão de trabalhar e ter seu próprio dinheiro para manter suas despesas pessoais, como ir ao salão de beleza, por exemplo. E Paulo respeitou isso, não colocando nenhum obstáculo.


6)   Cuidado com a aparência.

Celina é conhecida pela elegância, e Paulo não fica atrás. Ela nos contou que usa o mesmo baby-doll que usou na noite de núpcias em todos os aniversários de casamento. E, acreditem, ainda serve perfeitamente!

O cuidado com o corpo, com a aparência, ou seja, o cuidado pessoal é um item importante para os dois.


7)   Deus no comando.

Celina vem de uma família batista e Paulo se ERROReu antes de conhecê-la. A fé comum e o poder das orações são os grandes pilares desta união, e os ajudaram nos momentos mais difíceis.


8)   Filhos.

Embora não se recordem de grandes atribulações com os filhos, o período de rebeldia juvenil da filha, ao invés de desestabilizá-los, os tornaram mais fortes como casal.

E, sábio conselho: nunca deixaram os filhos dormirem na cama de casal. Os bebês foram instalados no próprio quarto e se preservava a intimidade deles e a privacidade dos filhos, também.

No final de semana, em um momento de descontração familiar, era permitido que as crianças usassem a cama para brincarem com os pais.


9)   Preservação da intimidade.

Toda sexta-feira era noite de saírem apenas os dois. Sem filhos ou amigos, para desfrutarem da companhia um do outro. Noites sempre muito românticas.

Quando a situação financeira permitia, bons restaurantes, quando não, lugares mais modestos, mas a sexta-feira romântica era institucional.

Assim como sempre fizeram questão de viajarem a dois, principalmente para comemorarem o aniversário de casamento.

Viajaram muito nesses anos juntos, tanto sozinhos como com os filhos, mas nunca deixaram de viajar apenas os dois.


10)  Romantismo.

Eles fazem questão de preservar o romance na relação. Haviam comemorado o Dia dos Namorados, com direito a mesa de queijos e vinho. Há presentes nas datas especiais, Paulo sempre lhe dá flores e lhe faz declarações de amor nos cartões. O aniversário de casamento é institucional e, sempre que possível, comemorado com uma viagem a dois.

A mesa sempre é posta com carinho e riqueza de detalhes, vaso de flores, guardanapos especiais que Celina coleciona em viagens.

O detalhe da roupa de cama sempre limpa e perfumada, perfume no ar, brinde de xícaras no café da manhã. Beijos de despedida e de chegada.

Rituais. Aqueles que dão algum trabalho, mas tornam o estar junto algo especial.

Paulo confessa que o maior esforço para manter esses rituais e o romantismo da relação é de Celina, mas que ele aprecia muito isso. (E participa ativamente, diga-se de passagem).


11) Namoro.

Depois de 60 anos juntos, eles ainda namoram (de é que você me entende.).

A intimidade, o contato físico, para eles é primordial e natural.

Celina se casou virgem e disse que tem certeza de que o namoro com ele é muito bom.

Paulo confessou que sempre foi fiel, ainda que viajasse constantemente e, por mais difícil que fosse permanecer assim.


12) Existe uma fórmula mágica?

Eles disseram que não. Que relacionamento não é fácil, mas que é uma construção. Deve-se ter a intenção de ficar juntos e construir um pouquinho a cada dia.


Ao final, perguntei: - Olhando para trás, do alto desses 60 anos juntos, valeu a pena?

Eles não titubearam em dizer, com um g, com um grande sorriso,  que sim.

Eliane Bodart

 

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